segunda-feira, 27 de maio de 2013

O fracasso do Jorge Jesus não é, nem de perto, nem de longe, maior que o fracasso do Luís Filipe Vieira

Os treinadores passam, o presidente fica, o "Benfica empresa" torna-se mais profissional, o BENFICA CLUBE está num caminho de sportinguização.

A essência do problema não está necessariamente nos treinadores.
Camacho, já com 21 anos de carreira enquanto treinador, só ganhou uma Taça de Portugal, mas só andou por clubes relativamente pequenos, no meio de tubarões com Barcelona, Real Madrid, Atlético Madrid, Valência... no Real Madrid falhou como falham muitos que por lá passam.
Quique Flores saiu do Benfica para ir ganhar uma Liga Europa com o Atlético de Madrid, e no início do ano seguinte conquistou a Supertaça Europeia.
Koeman já foi tricampeão na Holanda, ganhou uma Taça e duas Supertaças da Holanda, uma Supertaça em Portugal, e uma Taça do Rei, em Espanha.
Trappatonni tem um palmarés estratosférico, por isso nem se questiona.
Fernando Santos foi campeão no Porto, e embora seja um treinador respeitado, não conquistou mais títulos.

Jorge Jesus em quatro anos ganhou um campeonato e três taças da liga.

O problema reside, antes dos treinadores e dos jogadores, na Liderança Desportiva, que devia estar a cargo do Presidente e/ou de um Director Desportivo que tenham Poder, Legitimidade e Capacidade.

Luís Filipe Vieira, enquanto líder do clube, tem tido um percurso de gestão desportiva errático e pouco consistente.
Se nos primeiros anos se pode dar o desconto de "estar a aprender" e a recuperar o clube, nos últimos seis anos já não há desculpa, muito menos nos últimos quatro.
Teve mais do que tempo para aprender, e pelos vistos não quis.

Quique Flores
Quando contratou Quique, nem Luís Filipe Vieira nem Rui Costa tiveram a capacidade de liderar o clube para o objectivo essencial: GANHAR.
Se a Rui Costa se podia dar o desconto de estar a experimentar novas funções, a LFV já se exigia mais capacidade, uma vez que já tinha 5 anos de presidência de Benfica, mais o período em que entrou como director.
Quando veio para o Benfica, Quique foi recebido como um menino bonito e bonacheirão, adepto do 442 clássico, que vinha inovar no Benfica, e que logo conquistou uma "boa imprensa". Em vão.
Quique não demorou muito tempo a dizer que se o Benfica ficasse em segundo era bom, porque o ano anterior tinha sido pior que isso.
 O presidente e Rui Costa não souberam preparar com o treinador a comunicação, e com isso o Benfica já partiu em segundo, porque quem diz que ficar em segundo é bom, arrisca-se a ficar mesmo em segundo. E ficou!
(Ok, o Lisandro Lopez mergulhou e o Proença apitou, e o Benfica acabou por não passar para primeiro. Mas com isso já nós contamos sempre).

Jorge Jesus
Agora com Jesus, o presidente não soube preparar a comunicação do treinador.
Resultado da época seguinte, primeira de JJ:
- JJ começou com uma conferência de imprensa em que disse "vamos jogar o dobro". Não só jogaram o dobro, como jogaram o TRIPLO (ou mais?)! FORAM CAMPEÕES! (SIM, houve fruta, café com leite, e outros artifícios, mas não foi suficiente).
- No final da primeira época, campeonato ganho, foi cagança no expoente máximo, foram entrevistas a televisões e jornais, foram comentários nos jogos das selecções, foi um fartote.
- Na segunda época, tanta cagança só podia ter mau resultado. Perderam a supertaça, sem espinhas, para o Porto do desconhecido e inexperiente AVillasBoas, que com 33 anos. Nessa época, perdeu 5 a 0 no estádio do Dragão, numa das exibições mais miseráveis e medrosas do Benfica desde que tenho memória. Na Luz, voltou a perder, e aí ofereceu o título ao Porto, que festejou sem luz, mas com água. Na taça de Portugal nem a vitória fora por 2 a 0 evitou humilhação em casa contra o Porto.
- Na terceira época não conseguiu agarrar uma equipa que chegou a ter 5 pontos de vantagem, e que chegou a estar a ganhar 2 a 1 ao Porto em casa, a poucas jornadas do fim do campeonato. Os erros do costume, mais a corrupção do costume, ditaram-lhe novamente um mau fim.
- Esta época, com afirmações como "aconteça o que acontecer, a época será brilhante", ou "para ganharmos temos de estar nas decisões", deram no que deram.

ONDE ANDOU O PRESIDENTE?

No que evoluíu ele ao longo destes anos?
No que melhorou o Benfica a mentalizar jogadores e treinadores?
No que melhorou o Benfica no combate à corrupção?
No melhorou o Benfica a controlar e preparar discursos públicos do treinador e do próprio presidente, quer no que concerne ao conteúdo, quer no que diz respeito ao timing?
NADA, o Benfica não melhorou nada.
Jesus foi tudo o que é, sem qualquer filtro, sem qualquer controlo, no seu melhor e no seu pior.
Jesus bem dirigo, bem controlado, e bem "amestrado", teria ganho pelo 3 campeonatos em 4 anos.

Por isso, dizer-se que o JJ falhou e que tem de sair... percebo. Mas continuo a dizer, inequivocamente, que se JJ sai, LFV tb tem de sair.

O fracasso do Jorge Jesus não é, nem de perto, nem de longe, maior que o fracasso do Luís Filipe Vieira.


P.S. Se o Porto tivesse disputado a taça, jogado o que o Benfica jogou, e perdido como o Benfica perdeu, o que aconteceria:
- treinador e PRESIDENTE viriam a público, IMEDIATAMENTE após o jogo, CRITICAR / PRESSIONAR / SENTENCIAR o árbitro e o fiscal de linha por terem perdido com um golo "em claro fora de jogo", um "escândalo inaceitável e inacreditável", seria a puta da loucura.
Depois, em privado, Pinto da Costa daria uma coça brutal a todos, treinador e jogadores, dando-lhes como alternativa: vitórias com empenho e qualidade máximas ou a porta de saída.
É isso, para além da corrupção, que faz a diferença entre um presidente-de-um-clube-ganhador e um presidente-de-uma-marca-desportiva-que-por-acaso-também-é-um-clube.

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