segunda-feira, 27 de maio de 2013

JJ também falha na componente táctica e estratégica (e reincide nos erros) - Exemplo 1

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O Benfica a ganhar por 2 a 1, ficaria 5 pontos à frente do Porto.
Estando a ganhar, em vez de assegurar sempre superioridade numérica na defesa, o treinador permite, por sistema, seja com que adversário for, situações de transição defensiva deste tipo. Resultam contra equipas pequenas, em que os jogadores normalmente não são tão fortes a decidir (isto é, a marcar golo).
Vejamos:
Permite uma jogada de contra-ataque com 5 jogadores do Porto contra 5 do Benfica, sendo que:
- o quinto do Benfica estava mais atrasado (à direita em baixo na primeira imagem);
- nenhum dos jogadores do Benfica estava posicionado ao centro, ocupando um espaço que lhe permitisse pressionar o portador da bola (James, no círculo do meio campo).
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O quinto jogador do Benfica está ainda muito longe de conseguir interferir na jogada. 
A partir daqui, o que fazer? Um central sair ao portador da bola e deixar o outro central com o avançado do Porto, tentando o lateral esquerdo e o lateral direito fechar no meio o mais depressa possível?
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Mais ou menos isso.
Luisão saiu ao portador da bola, os laterais fecharam ao centro, mas muito pouco. Se tivessem fechado mais, provavelmente o sucesso seria maior, no momento seguinte.
O quinto jogador defensivo do Benfica não conseguiu recuperar o suficiente para estar atrás da bola, enquanto o quinto jogador de ataque do Porto já estava pronto a participar no ataque. Momento decisivo, porque o Porto conseguiu assim a superioridade numérica já perto da área, com cinco contra quatro.
Se este quinto jogador do Benfica tivesse recuperado mais rápido, ficaria capaz de interceptar o passe para o quinto jogador do Porto ou, na pior das hipóteses, parar a jogada em falta.

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James já tabelou com o quinto jogador do Porto, que continuou sem oposição do quinto jogador do Benfica, que nunca conseguiu colocar-se em posição defensiva.
Luisão saiu a James, deixou-o passar ao quinto jogador do Porto. Neste momento, Luisão tinha de fazer falta ao James para remediar o problema. O segundo central, mais recuado não podia sair ao quinto jogador do Porto (agora com a bola, prestes a devolver a bola a James).
O lateral esquerdo do Benfica também falhou, porque se tivesse fechado mais ao meio, aproximando-se mais do central, talvez permitisse que o central mais recuado subisse e fizesse falta.

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Luisão ficou batido, não agarrou James.
Só neste momento o lateral esquerdo fez o que devia ter feito mais rápido: fechar ao meio (porque o extremo direito do porto nunca representaria o mesmo perigo eminente se comparado com um portador da bola à entrada da área).
Só neste momento o quinto jogador do Benfica consegue ficar atrás da linha da bola.
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DESASTRE.
O remate saiu, golo do empate para o Porto.
Os extremos do Porto nunca fizeram mais do que manter as suas posições de abertura do campo, atrasando os laterais do Benfica, que hesitaram em fechar ao meio. Resultado: James, o avançado e o quinto atacante do Porto só tiveram, nas suas movimentações e na tabela, a oposição dos dois centrais do Benfica (2 contra 3).

Importante:
A participar nesta jogada, só o lateral-esquerdo tinha amarelo. Os restantes podiam arriscar a falta e o amarelo.

CONCLUSÃO:
Estando a ganhar ao Porto, desde o início da segunda parte, o Benfica respondeu a uma transição ofensiva do Porto com uma transição defensiva sempre em inferioridade numérica, que na prática foi de 4 defesas para 6 atacantes. O quinto do Benfica nunca conseguiu recuperar em tempo útil para interferir na transição defensiva.
Se por decisão estratégica e táctica o treinador do Benfica obrigasse os seus jogadores a assegurarem sempre a superioridade numérica na defesa (por exemplo, em vez de quatro jogadores atrás, serem 6), o Porto partiria para este contraataque com menos 70% de possibilidades de fazer golo.
A simples colocação de mais um jogador ao meio, à frente dos centrais, no início deste lance podia ter sido decisiva. Se a esse quinto elemento, se acrescentasse um sexto, pronto a acompanhar e travar a progressão do quinto atacante do Porto, seria muito difícil ao Porto ter marcado neste lance.

Estas cautelas defensivas que aqui proponho não são medo, são inteligência que falta, na minha opinião, ao mestre da táctica.
Porque uma coisa é estar empatado ou a perder, outra é estar a ganhar, e estar por isso com uma vantagem virtual de 5 pontos sobre o adversário.
Se defender com poucos é arte, como diz Jorge Jesus, conseguir atacar e criar perigo com poucos jogadores também é arte.
Por isso, estando a ganhar, com meia hora para se jogar, a equipa devia estar sempre resguardada com 5+1 jogadores prontos a defender, e a cortar lances de contra-ataque logo à nascença.

Este lance não vale só pelo jogo em que aconteceu. Este lance é a história do Benfica de Jorge Jesus.
Jogue com a Académica ou com o FCP, ou com o SCP, ou com outro adversário de maior valia, o Benfica arrisca transições defensivas em superioridade numérica, mesmo quando está a ganhar.

O Benfica não sabe atacar com poucos. Precisa de atacar com muitos para fazer perigo. E pelos vistos também não sabe defender com poucos, se os adversários for com maior valia.

Isto não tem nada a ver com "melhores jogadores", "melhor plantel", "melhor banco", "azar".

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